a boca
ponto de encontro
de salivas absortas
remanso
de beijos exaustos
os olhos
mel
de pensamentos tragados
refúgio
das palavras não ditas
os cabelos
rios
de negritude selvagem
ondas
de quebranto airado
esboço
no livro das memórias
o teu rosto
arrumo-te
nos confins do tempo
mas sempre me voltas
à boca
interminável
2 comentários:
Dowhile
Quem me dera que alguém me escrevesse assim. :)
Beijo,Mia
Quando escrevi este texto, deparei-me com um problema: o cabelo não faz parte do rosto. E pensei em alterar a palavra rosto (do título e do texto) para retrato. Mas depois lembrei-me de uns cabelos irreverentes que costumavam pousar onde lhes apetecia, cobrindo parcialmente o rosto, como se quisessem fazer parte dele. Fiz-lhes a vontade, e a coisa acabou por resultar assim, menos óbvia, mas mais genuína.
Não são precisas palavras para escrever alguém desta (ou de outra) forma. Há olhares, beijos e afagos que dizem o que nenhum poeta conseguirá alguma vez escrever.
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