terça-feira, 13 de julho de 2010

Lugares-comuns

À saída de casa, pela manhã:
'E se um desconhecido de repente lhe oferecesse...'
'Não estou interessada.'
'Um belo dia, eu diria. A condizer com a sua rara beleza,
se me permite o elog...'
'Taxi!'
'(Damn! What a woman!)'

Algumas horas depois, no restaurante:
'Ora, se não é o destino que nos junta... Também costuma
almoçar por aqui?'
'Sozinha. Sim. E tão tarde que é. Garçon!'
'Então, vêmo-nos por aí, não é verdade?'
'Com o azar com que ando...'
'Casar? Também não é caso para tanto... aH aH aH'
'E tem piada, vejam só. Adeus.'

Ao balcão:
'Encantadora, não acha?'
'E simpática!'
'Cá entre nós, acho que tem um fraquinho por mim.'
'Não é coisa que se desperdice.'
'Faz-se o que se pode, faz-se o que se pode...'

No elevador, ao fim da tarde:
'Querida, esqueci-me da chave.'
'Pois claro... para variar.'
'Olá! Então, esta é que é a senhora sua esposa? Realmente...'
'Err... s... ah ah pois com certeza. E o marido está bonzinho?'
'Sabe bem que não sou casada. Disse-lho hoje ao almoço, ou
já não se lembra?'
'Sssim, vagamente. Dê-lhe cumprimentos meus, então. Vê lá
se tens a chave, filha.'

Já em casa:
'Realmente? O que é que a peitos de silicone queria dizer com aquilo?
Ao almoço?! Nadamos em intimidades, é?'
'Uma chata. Bebe muito e depois fala pelos cotovelos... Tive de
deixá-la a falar sozinha.'
'Estou a ver, estou...'
'Pois. E se mandássemos vir pizza?

No dia seguinte, no elevador:
\pose de executivo\
(.)Provocadora(.)
/pose de militar/
( . )Mais provocadora( . )
'hmmfffssssguuguudaada' - intraduzível.

No elevador (sentido oposto), na parede, no chão, no sofá, no chão,
na cama, na varanda, na cozinha, no microondas... (enfim, talvez
a história já vá larga. O melhor é passarmos ao depois.)

Depois:
'Que tanso. Tantas garras e parecias um gatinho. Espelho meu,
espelho meu, quem me resiste senão eu?'
'Ai tanto, ai tanto para contar no escritório. Ninfomaníaca, no mínimo!
Roam-se de inveja! Aqui o je domou a fera.'

Post scriptum:
Post squê? Ah, sim, claro. Ora, evidentemente que teríamos pano para...
(Abreviando, abreviando...)
Abreviando, nada de novo a bombordo.
'Nada de novo a bombordo? NADA DE NOVO A BOMBORDO?!'
'Hum? Mas...'
'Então, e eu?! Há excepções, sabes? Honrosas excepções!'
'Ah estavas aí... mas era só um textozinho insignificante... cheio
de hipérboles, de clichés...'
'Pois, pois... Eu já conheço o texto todo...'
'Fiques assim, florzinha... Não era para levar a sério...'
'É às florzinhas, é... Logo dormes no sofá.'

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