sexta-feira, 30 de julho de 2010

O poeta

Ponto um: o texto não diz nada de substancial.

Ponto dois: o texto não diz nada de substancial.

Ponto três:
o texto

No centro de tudo, a vontade - lia-se - estática e não evolutiva. Mas isto já eu sabia; como saberão muitos outros, mesmo sem visitarem Schopenhauer. O que eu não sabia é que caminho para o Nirvana por tê-la renegado.

Está bom de ver que não sou filósofo, nem pretendo vir a sê-lo. Quando muito, sou poeta. E o que faz o poeta? O poeta ri das suas próprias palavras.

Bem sei que a fronteira entre a genialidade e a loucura é ténue, em alguns casos ilegível. Ora, génio não sou e louco ainda não estou (embora esta parte cause alguma controvérsia). Quando muito, sou poeta, poeta até a exaustão.

Como dizer-vos? É como a atracção pelo abismo de que fala Nietzsche. E quem não é pássaro não deve fazer o seu ninho sobre abismos - acrescenta. O que me leva a concluir que nunca deixarei as palavras, uma vez que fiquei sem asas à nascença - fatalidade.

De qualquer das formas, tudo é mera representação corporal, um retorno eterno à mesma cena, entre metáforas, hipérboles e alegorias. Mas também isto já foi dito. Mais: já foi inclusivamente dito que já tudo foi dito.

Onde cabe o poeta, então? Bem no centro do cenário, sentindo o gélido gume da navalha na garganta. Basta uma brisa para que fale, basta uma brisa para que se cale.

E o que faz depois o poeta? O poeta ri das suas próprias palavras.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estás a esquivar-te não estás?
Coisa feia,Dowhile! ;)
Os poetas são por norma,génios e muito loucos e é por isso que me agradam.Conseguem descrever na perfeição o que sinto sem que eu me sinta uma tonta quando leio.O idiota faz sentido,o vazio fica preenchido e eu de sorriso nos lábios.
Tenho uma curiosidade em relação a ti.Não sei se me queres responder mas gostava de saber qual é a tua profissão ou o que é que já fizeste!

Beijo **

dowhile disse...

Percebo a pergunta. E resposta é sim... e não.

Isto é, sim, talvez seja um mecanismo de defesa, uma forma de me afastar da intensidade das palavras. De dizer: eu escrevi aquilo mas foi a fingir. Não foi.

E não. Tenho vários textos que apontam nesta direcção: da inutilidade das palavras. Provavelmente, por alguma saturação. Pelo desalento de sentir que elas não mudam nada. Hoje, sinto falta delas. Hoje, não escreveria um texto deste género. Amanhã (e refiro-me ao dia 31/07/2010, não a um futuro incerto), não sei. Mas sei que continuo a rir com aquilo que algumas vezes escrevo. Outras não acho piada nenhuma. Outras não acho nada. É o vazio. Mas até esse eu faço questão de escrever (e de publicar aqui).

A parte da informação pessoal que eu considero que devo revelar às pessoas está disponível no meu perfil. Mas como tu és uma pessoa simpática e com a qual eu gosto de conversar, eu digo-te: sou informático (e com nick a condizer).

Bom fim-de-semana. :)

Ja bateste!! disse...

Ok,o meu sexto sentido anda adormecido talvez com o excesso de calor.Imaginei várias profissões (nem sequer fui ao perfil) mas informático não estava na lista das hipóteses. :) Fiquei surpreendida,a sério.

Um beijo ***