Trazia um semblante inquietantemente sereno:
um anjo em cada olho e o demónio no olhar.
Encará-la feria-me e apaziguava-me - confundia-me.
A pose, inalterável, impiedosa, deixava
antever o rebuliço que se seguiria;
contudo, havia ainda um rasto de gelo
no murmúrio das palavras que fundiam as
nossas mentes - como se medissem forças.
Pairava no ar a ideia
de que chegara o momento da questão crucial;
aquela que definiria, no instante
seguinte, todo o futuro que nos fora reservado.
Um mero lapso de lucidez, enfim
- sugara-me já da boca qualquer esboço de fonema.
E, mais uma vez, salvo pela efemeridade do
céu, dilacerado pela previsibilidade do inferno.
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