Tem, de facto, uns olhos bonitos. O problema é que se calam, quando
fala. Quer dizer, o problema é que ela fala... E muito.
Ainda há pouco, sentámo-nos na esplanada, e logo começou a disparar:
que a irmã era parecidíssima com ela, em tudo... e em tudo; que
Patusco, seu cão - um caniche rebelde e, supostamente, amoroso -,
havia crescido e já não lhe fazia companhia nos dias mais solitários
(teria perdido a paciência?); ainda, sobre as venturas e desventuras
pelas discotecas mais badaladas da cidade (conhecia-as todas...
um verdadeiro prodígio, a sua memória); e de mais não me lembro.
Agora, gostava era de conhecer a irmã. Talvez fosse, realmente,
parecida com a outra e talvez falasse menos. Sim... daríamos as mãos
em silêncio e, quiçá, até uivássemos com os lobos, em noites de lua
cheia. Mas palavras, nada; as palavras aborrecem. Quase tanto como
as venturas e desventuras pelas discotecas da cidade. E, como eram
parecidíssimas, suponho que a coisa lá fosse dar, mais volta, menos
volta. Resta-me, então, o Patusco, embora não goste muito de cães;
especialmente quando ladram muito. E, além do mais, Patusco é nome
de gato. Sim, prefiro os gatos: ladram menos, gostam de pássaros e
de peixes, e trazem no olhar o mistério de sete mares. Ou melhor,
seis; pois que um deles é este aqui, já meio morto, fitando algo
que ainda mexe ao longe (provavelmente, pensando: tens uns olhos
tão lindos... se, pelo menos, te calasses).
4 comentários:
Quando "os olhos se calam" é muito mau sinal.Deixa-a falar pelo menos...Talvez assim mate os fantasmas!
Mas eu deixei-a falar. Deixei-a falar até à exaustão. Simplesmente, o que ela dizia não me interessava, o que foi uma pena, porque ela tinha, de facto, uns olhos muito bonitos. Mas, sabes, esta é a minha versão dos acontecimentos. Ela terá a dela (eventualmente, menos simpática do que a minha - não era a primeira vez, não será a última). As coisas são mesmo assim: as pessoas entendem-se e desentendem-se, interessam-se e desinteressam-se. Portanto, não é nenhum drama. Ela seguiu a vida dela e, se calhar, encontrou alguém disposto a ouvi-la, nesse dia à noite, na discoteca. Eu vim para casa escrever, o que, sendo uma opção mais solitária, foi para mim mais interessante do que ir para o meio da confusão de uma discoteca. E agora repara: se calhar, se eu fosse mais novo e ela mais velha, era eu a falar pelos cotovelos e ela a dizer que sim e a pensar que não. Portanto, tudo é muito relativo e muda (e é bom sinal que mude) com o tempo.
Dowhile,não sei que idade tens nem estou a perguntar!Eu tenho 24 anos,saio para festas,raves o que lhe quiseres chamar desde os 14 anos.Sei ter uma conversa parva contigo,dizer-te a coisa mais abusrdo do mundo e sei ter uma óptima conversa contigo se te apetecer,porque nem sempre estamos para aí virados.
Tenho pena que os olhos não tenham sido suficientes para a noite ou o dia se prolongar.Eu teria ido embora também.Não tenho paciência para quem canta uma hora e não me alegra um minuto!
Mudar é sempre bom,eu também já mudei muito,evolui e espero continuar a mudar de opiniões e não estagnar.
E por falar em mulheres e miúdas,lembrei-me desta música:
http://www.youtube.com/watch?v=zRoUCHrM_b4
Beijo **
absurda* sorry
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