Setembro chegou à cidade.
Nos cafés, ouvem-se vozes frescas, entre sorrisos banhados de sol.
Na rua, o dia boceja, retardando o passo dos que ainda
trazem férias nos bolsos.
Os olhos param para contemplar o amarelo de um semáforo,
o nascer do dia em Bali, o pôr-do-sol em Acapulco.
Então, recordo que também eu, outrora, trazia férias nos bolsos.
Não porque fosse Setembro, mas porque era jovem e tudo me sabia a Agosto.
Nunca fui a Bali, nem a Acapulco. Pelo menos, fisicamente.
Mas viajava todos os dias, que a imprudência faz destes milagres:
transforma as ruas em países e os passos em viagens.
Foi nesse tempo que te encontrei, repetidamente, pousada num horizonte
dourado. Percorremos um mundo feito de versos
que até caberiam bem neste poema, não fosse a hesitação das
mãos entre o celeste momento de há pouco e este sabor a
sangue que me traz o vermelho do semáforo.
Felizmente, o sinal cai mesmo a tempo de evitar o derrame.
A cidade desperta. É verde tempo de seguir em frente.
Ainda não perdi a esperança de conhecer Acapulco, Bali, o amor...
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