Um nevoeiro miudinho cobre repentinamente a cidade.
É tempo de sol, de esplanadas, de praia; e não de agasalhos.
Talvez por isso estremeça, ainda.
Sim, lembro-me vagamente desses cenários de infância:
as incursões destemidas por bosques fabulosos,
as correrias incansáveis pela areia molhada,
as palavras de bruma atiradas à água
(mensagens intraduzíveis que a maré levava)...
Mas era de nevoeiro que eu falava. E como cresce!
Chega a cerrar a vista.
Também já vi isto em qualquer lado...
Sim, quando, tacteando a forma imaterial do amor (amor?),
entreguei a vida nas garras da sorte (cego, mas, enfim, feliz)...
O nevoeiro... Quem diria?! Deu em chuva, tempestade!
Em pleno Verão, o coração cuspido aos pedaços!
O fim do mito, os pés soterrados na lama, a alma à mercê dos relâmpagos!
O corpo moribundo, as mãos cheias de nada...
O nevoeiro?... Passou, afinal - como tudo passa.
E o sol lá voltou; perfeitamente.
Segui, então, como havia planeado:
fui à praia, misturei-me com as pessoas, vi o mar...
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