7 da manhã, insiste o despertador. Atiro o olhar para ontem.
2 horas de vertigem até à desventura, anuncia o bilhete.
120 decibéis de raiva estrategicamente armazenados na garganta
para quando lá chegar (ordens do médico). Tudo pronto.
Última chamada para nenhures: terminal 1, porta 4.
Está na hora! Está na hora! Não te esqueças de escrever.
Escreverei, escreverei.
Voo pontual, aterragem suave. Tempo triste e seco, como a memória, lembras-te?
Foi num tranquilo quarto de hotel que, sonhos desfeitos, me entretenho apagar o que penso. Vá, é tempo de férias, de pôr tudo para trás.
Repara, lá fora, um canto de pássaro transparente, transparente.
Adormeci a imaginar aquele canto imperceptível. Tive pesadelos.
7 da manhã. Procurei atabalhoadamente o despertador. Não estava. Senti-me só.
Saí. 15 por 10 de aurora e 2 linhas telegráficas. Escrevi.
Sabias que trouxe a tua imagem, suspensa por malmequeres, no bolso da camisa? Pois bem, rasguei-a.
Para onde vou? Para onde vou? Para onde vou à praia.
Afinal, tanto relax espalhado pela areia é de aproveitar.
Estendi a toalha. Pedi 10 euros de sol. Estava esgotado.
Lembram-se das ordens do médico? Pois é...
Ah, que bem que fica a praia deserta e um sol inteiro (oferta da casa) só para mim. 15 dias de preguiça. Daqui ninguém me tira. Daqui ninguém me
atiro o olhar para ontem. Nada a fazer, é hoje.
Sem comentários:
Enviar um comentário