terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Três conceitos de amor

I - O pensador

Perguntei ao sonho onde ficava o amor,
disse-me que na primeira porta à esquerda.
Entrei, convicto de que me esperava de braços abertos.
De facto, lá estava de braços abertos para me receber.
Coloquei-lhe todas as questões que havia guardado
cuidadosamente,
e, comovido, respondeu-me:
"Adeus, foi um prazer conhecer-te."


II - O fatalista

O amor é amor,
só enquanto não o entendemos;
depois... é uma chatice.
Mas não quero ser injusto,
há, ainda, alguns sobreviventes
- essa espécie rara -
capazes de dar a própria vida por ele!
Por altura do natal,
decoram religiosamente a casa,
para que, lá dentro, o amor
possa apodrecer com nobreza.


III - O maldizente

O amor? Conheço-o só de vista,
mas era capaz de jurar que mente
- bebe muito, não sabe o que diz.
Se, pelo menos, fosse eterno...
Mas não, de tanto querer servir o Homem,
acabou por lhe apanhar os vícios.
E agora, coitado, ninguém acredita nele.

2 comentários:

M. disse...

Ba ideia por detrás de um bom texto....

e haverá mais conceitos...

dowhile disse...

Muitos mais...