sábado, 11 de dezembro de 2010

Sede

Foco ao longe os primeiros traços da manhã
e tenho sede. Sede
de colher dos teus lábios o torpor das palavras,
da preguiça com que íamos tecendo a rede
que ainda hoje nos prende.
Ardem-me os olhos de te ver no vazio dos lençóis,
de perseguir a inexactidão dos dedos,
perpassando os espaços, esboçando as curvas
desse teu corpo feito de ausência, feito
desta sede inenarrável. Como apagar-te, ó imagem,
película que no jazigo do tempo oscilas?
Como saciar-te?

1 comentário:

M. disse...

Escrevendo. Parece-me o caminho certo.