quando os olhares se tocam
numa melodia tresloucada que vibra nos tímpanos
e vai escorregando garganta abaixo
até que se forme um nó no estômago;
quando as bocas se unem
num mar de saliva que se mistura com o hálito quente
dos narizes que o partilham ofegantemente;
quando, do ritmo demoníaco do sangue que corre para chegar,
saltam as roupas,
como lava de um vulcão em erupção;
quando esse arrepio
que funde a chama no gelo de um tremor
ataca as pernas enroscadas e se perde na cama que os recebe;
quando, nus, os corpos dançam
nas palavras que saem, intraduzíveis,
e os músculos se torcem, implorando o fim do rebuliço;
quando, entre dois cigarros,
se ouve qualquer coisa que ecoa na serenidade estabelecida:
promessas, talvez... umas já feitas, outras por fazer
- todas por cumprir;
quando a porta bate no meio da noite,
deixando no ar a ideia de que alguém saiu sem avisar,
e o que resta não é mais do que uma sonolenta indiferença;
quando... até quando?
1 comentário:
Nem penses que te vou responder...
Olha o teu texto que mais gostei de ler...
De port em porta ...até ao vizinho final...
Bom ano poeta!
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