sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ausência (II)

Primeiro, entras no labirinto dos olhos, perdes-te
em aromas ébrios, no deslumbramento da pele, no
chamamento dos lábios. Depois, a carne, a fusão
etérea, o fogo consumado. Ainda, um breve resvalar
de promessas sobre tons místicos; e ei-la: a pausa,
o desvendar da eternidade, o aconchego do céu.

E adormeces.

Um dia, acordas. Tens frio. Tens medo. Estás só.
Tentas recuperar o sonho, mas é inútil; já não é tempo de
infinito. Então, partes à procura do amor, com paixão
insaciável, mas sóbria, regressiva, mas madura, cheia
de eufemismos e de falsas contradições.
De quando em vez, questionas: ainda sonho?
E não sonhas.
Então, regressas. Então, partes.
Hei-de morrer tentando - afirmas, qual herói de banda
desenhada, com suas vestes de balões em surdina.

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