sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ausência (III)

Porque tudo se resume a essa palavra, guardo-a
como a mais fiel companheira. Até nas noites em que me perco
na multidão e no alarde súbito dos bares, a transporto comigo
em qualquer bolso. O seu rebordo é nítido como a chama de um
cigarro entre dois copos de whisky, e dúbio como um sorriso
atordoado qualquer que se oferece ao primeiro olhar indiscreto.
Então, prendo-a nos meus braços e possuo-a pelas paredes
do beco mais próximo. Regresso a casa para a insónia habitual
e estendo-a na cama a meu lado. Não há cenas de ciúmes, nem
perguntas pertinentemente idiotas; apenas e só
o ressonar da ausência, que me impede de dormir.

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