É nos olhos que tudo se altera.
Pequenas coisas, factos cronologicamente irrelevantes,
como diria a racional lógica matemática.
Mas a verdade é que sinto falta delas.
Porquê? Não sei, é irracional.
Que falta podem fazer a um homem pequenos factos irrelevantes?
Mas, nessa altura, não era relevante se pequenas coisas eram relevantes.
Todo o tempo do mundo, todo o tempo do mundo, todo o tempo do mundo
para construir pequenos factos irrelevantes.
Nessa altura, não escrevia versos.
Mas escrevia torto por linhas direitas.
E era irrelevante se isto faz algum sentido, hoje.
Hoje, o Douro traz-me tudo aos pedaços.
A sua voz sóbria já não me canta verdes planos preenchidos.
A sua medida certa diz-me que já não tenho todo o tempo do mundo.
Mais racional do que isto só mesmo perceber isto.
Mas é nos olhos que o tudo se altera.
E escrevo, em forma de verso que não rima,
a fórmula matemática da infelicidade.
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