Janeiro cobriu a cidade com uma clareza enigmática. Flocos de memória oscilam em meu redor, como um pêndulo avariado. Recordo um Inverno antigo, quando o azul celeste dos sonhos aquecia as tardes mais frias de Janeiro. Quando nevava, a questão existencial era quem abraçaria primeiro o manto branco que cobria o solo. Não havia frio capaz de quebrar o fulgor com que decifrávamos cada momento. Hoje, caminho sobre uma página vazia, sem saber o que escrever ou agarrar. Um vento árctico varreu-me os sentidos: não ouço, não vejo, não sinto.
Janeiro já não me fala.
Janeiro já não me fala.
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