segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Relatividade aplicada ao som de uma guitarra relativamente especial

A guitarra como um picador de gelo,
a cena da Sharon Stone repetida,
mas sem sangue
nem pernas descruzadas com vista irrecusável
porque o caso é menos grave do que parece.

Com o tempo aprendeste a resguardar-te das coisas que magoam
e a relativizar o pouco que consegue furar a barreira.
Porque há sempre alguém que está pior,
ou melhor, ou em situação exactamente igual.
Ou parecida.

Um dia destes, alguém tentava desesperadamente apertar
os cordões dos sapatos.
Não conseguiu, precisou de ajuda.
Lembraste-te da explicação de Bob Hughes, em Drugstore Cowboy:
«tem de haver alguma coisa que quebre a rotina de apertar
os cordões dos sapatos» - qualquer coisa assim.
Eis a relatividade no seu esplendor.
Aprendeste alguma coisa?

A pobre da guitarra continua a martelar aí dentro, não é?
Há-de chegar o dia em que um simples acorde fará explodir uma vida inteira.
Entretanto, relativizas, olhas para o que acabaste de escrever e pensas:
o caso é menos grave do que parece.

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