É Domingo nas ruas e nos sentidos.
Os semáforos bocejam,
gaivotas de papel recortam um céu espesso e sombrio,
sob o qual a cidade dorme.
É tempo de café e de cigarros.
Monsieur Cara-de-Frete, b'dia e rebuçados,
o resto você já sabe: a chávena no balcão sujo
e um ecrã ilegível, pendurado na parede, em harmonia universal.
Não lhe achou piada, paciência.
Sair, sair o quanto antes.
Começara a chover copiosamente.
Impunha-se uma pausa contemplativa sob o alpendre.
Barbitúricos pensamentos, mais cigarros e um olhar que não regressa - os suspeitos do costume.
Headphones, Portishead - 'it´s time to move over' -,
aperto o casaco e sigo, sigo o rasto de nenhures.
É esta a minha cidade, cheia de ninguém,
o absurdo em cada esquina indicando o caminho,
grandes planos para futuros riscos na pele entorpecida.
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