Uma orla vadia
demarca um mar envolto em calmaria.
Uma gaivota desce sobre o verso
e uma brisa expõe o meu reverso
- um outro »eu« que me acena ao largo,
ou um pedaço de papel em tom menos amargo?
Sigo a caneta rumo ao lusco-fusco:
os olhos vagos, a infindável rota,
numa vertigem que me seca a boca.
Será indizível aquilo que busco?
Este silêncio-sede cravado na voz,
a noite imensa chamando por nós,
diz-me que sim, diz-me que não,
termina o texto em plena indecisão.
2 comentários:
Ficar em terra ou partir, eis a questão.
Uma falsa questão, diga-se, porque eu sei perfeitamente que vou (tenho de) ficar em terra. Pelo menos, nos próximos tempos. Mas a mente gosta destas ilusões. É um pouco como jogar no totoloto, sabendo de antemão que é quase impossível ter a chave certa. No entanto, continuamos a jogar. Pagamos para sonhar.
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