Mostra-me esse teu olhar atado ao horizonte.
Diz-me com essa tua voz de vento
como fala o vento, quando traz a tua
voz de vento. Sei que, para lá dos montes,
onde o horizonte guarda o teu olhar atado
a tudo, existe tudo. Não tenho ciência para
quebrar versos. Não tenho sonhos de cetim para
colocar nos versos. Faço uma pausa para dizer isto
porque prefiro versos bem quebrados a corações
destroçados por versos de cetim. Nem que
para isso tenha de forçar a rima. Quantos versos
passaram desde que vi o teu olhar atado ao horizonte?
Quantos sonhos ficaram por te querer ver para lá de tudo,
onde existe tudo? Há quem diga que jogo com as palavras.
Mas muitas vezes são as palavras a jogar comigo.
Não faço questão de que entendam esse jogo,
disputado entre mim e as palavras. Simplesmente,
não posso recusar o vento, quando o vento escreve
a tua voz de vento. Nem deixar de procurar
o teu olhar atado ao horizonte.
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