Busca, procura, rebusca
o olhar-relâmpago do passado em direcção ao futuro,
a luz que falha no preciso instante em que lá chegas
- atrasado, como sempre.
É isto o futuro? - perguntas.
E um dia percebes que não há futuro.
O presente foi-se na viagem.
O passado são destroços de infância,
ruínas de um romance apressado,
um encontro casual repetido
- para sempre, para sempre -
até que decores onde fica o amor,
para se um dia tiveres a sorte fugaz de lá voltar.
Vinte horas e dois minutos de um vulgar dia da semana.
Uma voz familiar anuncia a chegada do metro ao terminal 1.
As portas do veículo abrem-se
e um bando de beija-flores voa disparado para as escadas rolantes.
Em poucos segundos a estação fica vazia.
Esta é a realidade: o amor foi embora.
Sobram-te as alegorias, um reclame mal iluminado da Branca de Neve,
a útil farinha de cozinha, com a qual poderás monologar,
enquanto a da fábula não acorda e os beija-flores não regressam.
Pura perda de tempo.
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