Imagem: JJaska
A casa não se esquece de ti. Coloca-te estrategicamente repartida por todas as divisões. No sofá, com o olhar distante, seguindo um canal qualquer que a operadora não fornece. Na cozinha, vendo-me descascar batatas para a sopa, enquanto saboreias uma tira de bacalhau cru. E rimos com ditos antigos, como o bocado que a boca perde por falar demais. Lembras-te? Lembras-te de como a sardinha continuava a pingar no pão, mesmo quando já quase não falavas? Por vezes sento-me ao teu lado, ao lado do teu corpinho débil, e passo a mão pela tua face carente. Eu sei que ela não está materialmente lá, que o que permanece na tua cama vazia é apenas uma imagem que a saudade desperta. O corpo cede, a imagem permanece. Porque a casa não se esquece de ti.
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