Subiu num balão cor-de-rosa,
o bestial.
Encheu-o de sonhos alheios
e ergueu-os no céu
como se fossem seus.
Lá em cima,
dominava-o
com habilidosos malabarismos.
Cá em baixo, era o êxtase;
todos contemplavam o balão,
cheio de cor
- cheio de ilusões perdidas.
Mas o bestial,
de tanto exibir sonhos que não eram seus,
adormeceu
com o encanto de os sonhar ter.
E o balão, à deriva,
chocou
com o pico da realidade.
- Rebentou o balão, caiu a besta
no chão desértico. -
Meio atordoada,
a besta
tentou salvar o bestial;
reuniu o que restava do balão,
dos sonhos despedaçados,
tentou enchê-los, em vão.
- A besta
não sabia sonhar,
a sua arte era trabalhar
sobre o chão que pisava;
o seu balão era uma pedra,
bruta, feia,
enraizada na terra. -
«Pobre bestial»
- pensou a besta,
enquanto esculpia o chão.
«Pobre besta»
- pensou o bestial,
saudoso do balão.
1 comentário:
Fiquei besta:) Mais...
Enviar um comentário