terça-feira, 18 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Beijos furtivos
Vagueiam beijos pela praia.
Sem forma ou rosto definidos, são
apenas vultos, rebolando pelo areal
da memória, retocando os lábios
do tempo. «Mais»
- o desejo no ouvido, uma vaga voz
desenhando círculos hipnóticos que
vibram algures entre o piscar dos
olhos e a respiração ofegante.
Subitamente, a luz, o poder magnético
do ocaso, os braços magos da volúpia,
trazendo nos dedos o calor de outras tardes
e da noite,
pousando, lentamente, nos teus ombros.
Sem forma ou rosto definidos, são
apenas vultos, rebolando pelo areal
da memória, retocando os lábios
do tempo. «Mais»
- o desejo no ouvido, uma vaga voz
desenhando círculos hipnóticos que
vibram algures entre o piscar dos
olhos e a respiração ofegante.
Subitamente, a luz, o poder magnético
do ocaso, os braços magos da volúpia,
trazendo nos dedos o calor de outras tardes
e da noite,
pousando, lentamente, nos teus ombros.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
O bestial, a besta e a poesia
Subiu num balão cor-de-rosa,
o bestial.
Encheu-o de sonhos alheios
e ergueu-os no céu
como se fossem seus.
Lá em cima,
dominava-o
com habilidosos malabarismos.
Cá em baixo, era o êxtase;
todos contemplavam o balão,
cheio de cor
- cheio de ilusões perdidas.
Mas o bestial,
de tanto exibir sonhos que não eram seus,
adormeceu
com o encanto de os sonhar ter.
E o balão, à deriva,
chocou
com o pico da realidade.
- Rebentou o balão, caiu a besta
no chão desértico. -
Meio atordoada,
a besta
tentou salvar o bestial;
reuniu o que restava do balão,
dos sonhos despedaçados,
tentou enchê-los, em vão.
- A besta
não sabia sonhar,
a sua arte era trabalhar
sobre o chão que pisava;
o seu balão era uma pedra,
bruta, feia,
enraizada na terra. -
«Pobre bestial»
- pensou a besta,
enquanto esculpia o chão.
«Pobre besta»
- pensou o bestial,
saudoso do balão.
o bestial.
Encheu-o de sonhos alheios
e ergueu-os no céu
como se fossem seus.
Lá em cima,
dominava-o
com habilidosos malabarismos.
Cá em baixo, era o êxtase;
todos contemplavam o balão,
cheio de cor
- cheio de ilusões perdidas.
Mas o bestial,
de tanto exibir sonhos que não eram seus,
adormeceu
com o encanto de os sonhar ter.
E o balão, à deriva,
chocou
com o pico da realidade.
- Rebentou o balão, caiu a besta
no chão desértico. -
Meio atordoada,
a besta
tentou salvar o bestial;
reuniu o que restava do balão,
dos sonhos despedaçados,
tentou enchê-los, em vão.
- A besta
não sabia sonhar,
a sua arte era trabalhar
sobre o chão que pisava;
o seu balão era uma pedra,
bruta, feia,
enraizada na terra. -
«Pobre bestial»
- pensou a besta,
enquanto esculpia o chão.
«Pobre besta»
- pensou o bestial,
saudoso do balão.
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