A nostalgia deste dó menor
- súbito baixo, decandente sol -
rompe a fronteira, grave e fulgurante.
Ardem as chamas na memória viva,
batem, nas têmporas, folhas caídas.
Faz-se silêncio, toca o saxofone
na noite fria, e já ninguém responde.
Estende ao vento o seu ardor vibrante,
esboça à sorte histórias de outro azar
- não tem guarida para o seu pesar.
Eu, nesta inóspita visão, prefiro
imaginar o som. Bebo e respiro
as notas do piano: ar ofegante,
melancolia, mais do que a harmonia,
traz-me à garganta o pão de cada dia.
E sigo e volto em vozes que me alertam,
dizem-me coisas - ah!, será que acertam?
Se não me enganam, ouço-as expectante,
ou se me mentem, finjo que não sei;
mas, sóbrio, o fel impõe a sua lei.
Percorro, à toa, o rol dos instrumentos,
fazem o mesmo: trazem-me lamentos.
Nem sei se escuto, encontro-me hesitante...
Rebusco os cantos das ideias cheias
- como evitá-las, se são tão certeiras?