terça-feira, 31 de agosto de 2010

De la musique - UNKLE



Tema: Nursery Rhyme/Breather
Intérprete: UNKLE
Álbum: Psyence Fiction (1998)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Historieta

Tinha passado o dia a pensar em como começar esta história: era uma vez, não era uma vez e entrei num posto dos CTT. Dirigi-me ao balcão, pedi um envelope. «Nacional ou internacional?», perguntou. Disse-lhe que era para nenhures e perguntei-lhe o preço. Respondeu que, se era para nenhures, não era preciso envelope e que, assim sendo, era oferta da casa. Aceitei. Afinal de contas, não é todos os dias que se manda nada para nenhures, de borla. Quis retribuir e convidei-a para jantar. «Desde que não seja em nenhures...», gracejou. E eu compreendi. Em nenhures come-se muito mal. Além disso, temos de ter muita atenção com os preliminares. As mulheres adoram preliminares. Tudo o que não seja sexo são preliminares.

E então levei-a a jantar à tasca do Zé, que para além de ter bastante animação, tem sempre moelas de anteontem, prato económico, especialidade da casa. Corou. Provavelmente foi do molho (pedi-o bastante picante). Enfim, começamos a falar. Contei-lhe que escrevia versos. Admirou-se. Não sei porquê; afinal, tinha feito tudo para lhe proporcionar um jantar romântico. Era evidente que tinha alma de poeta. Contei-lhe mais: que era condição fundamental para se escrever que alguma coisa se passasse na vida de quem escreve. Não percebeu. E era um elogio, pois naquela noite era ela a minha musa. Quis-lhe contar mais, sentiu-se mal. Alguma coisa que comeu, certamente. Então, pagou e fomos embora.

Eu tinha deixado tudo preparado: a casa arejada e uma caixa de preservativos em cima da mesinha de cabeceira e convidei-a para subir. Desatou a vomitar. E eu entendi aquilo como um sim. Arrastei-a pelas escadas e após uma hora de ininterrupto sexo selvagem no Gational Neographic, lá demos a nossa quecazita. Serviço limpo e eficente, como mandam as regras da casa.

Acompanhei-a até à paragem do autocarro. Preferiu ir de táxi (vá-se lá perceber as mulheres). Ainda insisti para que pagasse ela (não queria que ficasse com a ideia de que sou machista), mas infelizmente recusou e no dia seguinte fiquei a dever o prato do dia ao Zé. Mas valeu bem a pena. Agora sempre que entro num posto dos CTT, lembro-me da cara de enjoada da Ana Paula. E recordações destas não têm preço.

sábado, 28 de agosto de 2010

Que patinho tão lindo...


funnyhub.com

... Não era?
Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

De la musique - The Boxer Rebellion



Tema: World Without End
Intérprete: The Boxer Rebellion
Álbum: Exits (2005)

Maduro branco, verde tinto

Estava eu no alto do jardim do morro, a passear os olhos pelo rio, quando surge aquela figura plena de desnorte, cambaleando estrada fora. E vacilava de tal forma, que se tornava impossível a quem quer que fosse (inclusivamente ao próprio) adivinhar que direcção pretendia tomar.

Qual gymnaestrada, qual quê; aquilo, sim, era arte! Primeiro, um discreto mas bem delineado fan kick - começara o espectáculo. Sem interrupção nem hesitação, meio pivot à esquerda, logo seguido por um pivot à direita de um recorte técnico invejável. Alguns movimentos de equilíbrio - aviões, bandeiras e afins - e, para terminar a sua magnificente actuação, uma queda facial com pés juntos. A multidão foi ao rubro. Podia ler-se nos seus olhitos enviesados a satisfação do dever cumprido.

Mas eis que irrompe, qual deus da justiça recortada, omniausente no desamparo, o compassivo leme. Desmontou todo o cenário; quem pedia bis desiludiu-se. E é possível vê-lo, ainda, sob a penumbra dos dias, «piedade, piedade», descendo a rua colado ao muro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De la musique - Funki Porcini

Um dia destes, falou-se neste blogue, a propósito de abismos, de raptos temporários. Na verdade, todos os raptos são temporários, excepto aquele que nos aparece, inevitavelmente, no fim da vida. Mas o controlo do tempo, como de praticamente tudo (se não mesmo tudo) o resto que naquele momento esteja na posse do raptado, é do raptor. A não ser que seja um rapto simulado, aquele no qual entramos, mas com uma mão de fora, pronta a puxar-nos quando nós muito bem entendermos. Caso contrário, corremos o sério risco de nos tornarmos reféns por tempo indeterminado.

Vem isto tudo a propósito de uma coisa bem mais simples de perceber, mas tão ou mais difícil de explicar. Para mim, como é evidente. Porcini explica na perfeição. E, de repente, sinto-me raptado para bem longe.




Tema: Long Road
Intérprete: Funki Porcini
Álbum: Hed Phone Sex (1995)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

De la musique - The Doors

Mais um clássico.




Tema: Light My Fire
Intérprete: The Doors
Álbum: The Doors (1967)

Tentação divina

Lentamente,
essa tua língua insidiosa
enrola-se na minha,
encharcada já de perfídia.
Pois morde-me!
que não resisto nem insisto.
Assisto ao serpentear do teu corpo,
que rasteja sobre o meu.
Envolve-me,
aperta-me,
esmaga-me!
que não me rendo nem desprendo
a maçã que carregas no peito.
Ah!, doce pecado
que expeles o néctar da flor que desponta
e que a abelha suga.
Aromas opiáceos,
fluidos corporais,
inunda-me, tentação divina
com o teu bendito veneno.
Mas não te iludas,
sorvo-te de um só trago
como um vício.

sábado, 21 de agosto de 2010

De la musique - Led Zeppelin

Um clássico para o fim-de-semana. Portem-se bem, portem-se mal, portem-se como quiserem.



Tema: Since I've Been Loving You
Intérprete: Led Zeppelin
Álbum: Led Zeppelin III (1970)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De la musique - The Dandy Warhols



Tema: Get Off
Intérprete: The Dandy Warhols
Álbum: Thirteen Tales from Urban Bohemia (2000)

Todos os caminhos vão dar a casa

seis da tarde, levantei-me a bater o pé,
a rádio já rasgava o ar.
fui saltando de cena em cena,
desde o peido matinal até ao pepsodent.
saí para a rua,
el charro e blusão de couro,
cabelo espetado e lunetas arnette,
que as pupilas já dilatam.
à esquina, já lá estava
o pastilhas, o cebola e o popeye.
duas de letra e uma bojeca
para aquecer o pessoal,
enquanto o dealer não pinta,
etc., coisa e tal.
chocolate no bolso e pasta fresca
para gastar,
punto cabriolet e ala, que se faz tarde.
à entrada da disco, nada de novo,
o aspirina a flipar...
dissemos-lhe: tem calma, man,
nós queremos é entrar.
uma milona para amainar as hostes
e a carola a abanar.
os cartões estão vazios?!
não pode ser! E um cantinho do balcão
por nossa conta, está-se mesmo a ver.
cocktails multicolores,
verdes, vermelhos e azuis,
até vermos o arco-íris.
e, de seguida, para a pista,
sempre a abrir, é sempre a abrir!
o dj estava fatela,
mas logo resolveu atinar,
ou o paiva da ordem lá passava a navegar...
e a dançar, aos repelões,
aos repelões, é para arrasar!
e para o fecho, última rodada no bar.
à saída, abraçados,
que éramos amigos de longa data,
lá demos com o bote,
ou pelo menos era um igual...
acendeu-se a noite com o last
berlaite, verylight, e luzes,
muitas luzes, tantas! luzeszzzzzzzzzz...
ronc!? ond'é qu'eu'stou?
em casa, pois então?!
bah... deixem-me dormirzzzzzz...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

De la musique - Kammerflimmer Kollektief



Tema: Nachtwache, 15. September
Intérprete: Kammerflimmer Kollektief
Álbum: Absencen (2005)




Tema: Über Die Wasserscheide
Intérprete: Kammerflimmer Kollektief
Álbum: Cicadidae (2003)

Vigília

Da janela do meu quarto vê-se a janela do teu quarto. A luz assinala a tua presença, sem que, no entanto, eu consiga desvendar a identidade da silhueta que permanece por detrás da cortina da janela do teu quarto.

A noite não dorme. A noite é uma dízima infinita periódica. Eu sou a repetição de mim mesmo, escrita entre o findar de uma noite inacabada e o crepúsculo de uma manhã que não nasceu. O sol fundiu-se com um acorde de violino, num dia perfeito de chuva, e partiu. Sobrou este momento intemporal que uso cuidadosamente para observar a janela do teu quarto. Não sei de que cor pintar este momento. Mas sei de cor o que me trouxe até este momento.

Da janela do meu quarto vê-se agora coisa nenhuma. Da janela do teu quarto vê-se a janela do meu quarto e o nada inteiro que de lá se vê. A janela do teu quarto é a janela do meu quarto.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

De la musique - Record Club

Por sugestão do Adeartes, fui espreitar o que andam a fazer os Record Club, e fiquei a conhecer uma banda com muita qualidade, da qual já tinha ouvido falar, mas à qual nunca tinha dado a devida atenção: St. Vincent. Fiz-lhes o convite, e disseram-me que um dia destes passavam por cá.

Entretanto, fica uma das músicas recriadas por Beck e seus amigos.



Tema: Devil Inside
Intérprete: Record Club
Álbum: Record Club No. 4 (2010)

Os acordes das guitarras de Beck e (julgo que) de Annie Clark poderiam facilmente viajar para dentro da música dos Piano Magic. Ou dar um saltinho até à Alemanha, para se encontrarem com o som melancólico e harmonioso dos Kammerflimmer Kollektief. E é isso que vai acontecer. É já a seguir.

terça-feira, 17 de agosto de 2010


Palavras cruzadas

versossinal vermelho nos semáforos
sosrevercarros ausentes
sem lirismosem poética
rostos cobertosølhøs desertos
sílabasrima pobresem ritmo
ecos .....c
r
melancoliau
z
p a l a v r a s
e..c..o..sd
atédio
s
no

v
tempoá

c
u
ue


o

domingo, 15 de agosto de 2010

De la musique - Beck



Tema: Loser
Intérprete: Beck
Álbum: Mellow Gold (1994)

É quase perto

Acordes de guitarra e acordeão,
e uma voz feiticeira que se confunde com a chuva.
Chove como nunca antes em todos os cantos dos meus sentidos.
(Como nunca antes? Não... nem eu próprio acredito nisto.)
Mas se a memória se mede com um olhar apenas
e o seu cheiro agridoce me apaga das mãos a textura de outros tons,
como dizer que choveu mais, outrora?
Ou menos? Ou de igual modo? Ou até se chove, agora?
Uma quase profunda melancolia desarticula-me os gestos.
Uma dor abstracta esmaga-me as pálpebras.
É cansaço. Cansaço de querer estar perto.
E cansa mais do que o cansaço de querer estar longe.
Sim... estar longe...
E os instrumentos calam-se, e a feiticeira vai-se.
E uma gárgula inexpressiva escoa as últimas sílabas:
"é quase certo que nada existe, nada está perto, nem eu estou triste".

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

De la musique - Editors



Tema: The Racing Rats
Intérprete: Editors
Álbum: An End Has a Start (2007)

Valentia

era uma fatalidade,
sempre que tropeçava morria.
até que um dia, farto de tanto morrer,
levantou-se e disse:
hoje, não morro!
e encheu-se de coragem e enfrentou a situação,
e encheu-se de mais coragem e enfrentou a situação,
e encheu-se tanto de coragem que disse: chega!
e morreu, morreu de valentia.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De la musique - Silent Poets



Tema: Save the Day [Peaktime Mix]
Intérprete: Silent Poets
Álbum:To Come...Another Version (1999)

Poesia - definição em uníssono (No mínimo...)

A poesia é, indiscutivelmente... (Começas bem)
Dizia eu... a poesia é o expoente máximo... (Sem dúvida)
O EXPOENTE MÁXIMO... (E ele a dar-lhe)
Meus caros colegas de profissão...
(Olha-me este... Bebeu? No mínimo!)
Dão-me licença?! Isto, assim, sai uma grande salgalhada!
(Vamos lá Não desesperes Desta é que é)
Ora, efectivamente, a poesia...
(A poesia! A POESIA! A PO-E-SI-A!)
Eu... desisto. (Bra-vo! Prodigioso! BIS BIS!)
...
(Olha... foi-se Passou-se! Definitivamente...)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um amanhecer diferente

Tão natural como o seu sono.


techchee.com

Sunrise serenade

Vieram dos quatro cantos,
(ou melhor, dos quatro ventos)
sentaram-se e esperaram,
parcimoniosamente esperaram,
esperaram que o sol nascesse.
E o sol lá nasceu, como não podia deixar de ser.
E todos exclamaram: aH.
É verdade: aH.
Tinha-se feito poesia.
E então não compreenderam porque tinham vindo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

De la musique - Massive Attack

Estes também vieram do Sudoeste e foram tão simpáticos como os Groove Armada. Não há 'embed' Protection para ninguém! E desta feita nem o tediokiller nos salvou.



Tema: Weather Storm
Intérprete: Massive Attack
Álbum: Protection (1994)

(actualização)
Bem, parece que o tediokiller não gostou de levar um "não" como resposta e foi reclamar. Civilizadamente, claro. Depois de algumas cadeiras e mesas pelo ar, lá trouxe a música que queríamos.



Tema: Protection
Intérprete: Massive Attack
Álbum: Protection (1994)

Bom dia

Parece que é desta que a temperatura vai baixar de vez.



meteo.pt

Antes fosse.

domingo, 8 de agosto de 2010

Hesitação

Entre o sentir e o não-sentir
entre o dizer e o não-dizer
uma fresta um abismo
infindo traço brusco arrepio
aresta planura vértice
macia intocável aspereza
nas redondezas
do pensar

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

De la musique - Groove Armada

Vieram do Sudoeste e pararam no Desabrigo para beber um copo. Tentei cravar-lhes my favorit song, mas a versão original estava esgotada (a melhor musica deles, uma das poucas de jeito que eles têm, e nem um previewzinho - forretas!). Foi então que o tediokiller (só para se armar) se lembrou desta. Shake qualquer coisa. Whatever.




Tema: I See You Baby
Intérprete: Groove Armada
Álbum: Vertigo (1999)

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

De la musique - David Gilmour

Um dia hei-de escrever algo assim, intenso, perfeito. Posso não conseguir mais nada na puta da vida, mas isto hei-de conseguir.



Tema: Red Sky at Night
Intérprete: David Gilmour
Álbum: On an Island (2006)

Luz difusa

É tardinha,
detenho-me sobre a vastidão de um horizonte áureo.
Lusco-fusco, ocaso de cores cheias,
preenche-me
como ideias vagas,
soltas na indefinição do que sinto.

Absorvo,
os meus olhos dilatam por cada tom que se transforma.
Som, ritmo,
é o coração do céu que bate,
fala de forma estranha,
é suave.

Carícias:
os meus braços resvalam sobre o mar.
Erguem-se,
tentam segurá-lo,
mas põe-se,
o mítico colorista.

É noite,
e divide-se, agora, a luz.
Miríades de pontos fixos
cintilam
como ideias vagas,
soltas na indefinição do que sinto.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

No comments

imagem de Tiago Ribeiro, via flickr

Analiticamente falando

 a cidade

 são luzes e mais
  luzes
 o que os meus olhos
  vêem
 preenchem a vastidão da
  noite
 com a precisão de outras
  fórmulas
 matemáticas por inventar

 e das luzes brotam
  cores
 amarelos
  brancos
   e meios tons
 vermelhos
  rubros
   cintilantes
 dançam à toa
  sem física nem lei

 e das cores crescem
  formas
   geométricas
 triângulos
  rectângulos
   e círculos
 e outras
  analiticamente
   abstractas
 e todas se transformam

 e das formas descem
  sombras
 acentuam
  suavizam
 ângulos
  agudos
   e obtusos
 ou simplesmente
  indefinidos

 e descem e sobem
  e brotam e crescem
 as sombras
  as luzes
   as cores
    as formas

     a cidade
 tantos cálculos esboço

 que ciência explicará
  o que os meus olhos contemplam?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

De la musique - Bola

Este projecto de Darrell Fitton tem músicas verdadeiramente hipnóticas. Lembro-me de ir para a faculdade a ouvir isto no meu Nokia, enquanto via o sol pôr-se do lado de fora da janela. Era... mágico. Simplesmente mágico. É claro que, chegado às aulas, o Mendonça (que era o meu professor de matemática) depressa se encarregava de colocar pedras no caminho e acabar com aquele estado de sóbria ebriedade. Vamos preparar-vos para a vida, dizia. E dizia bem. Falta saber para que vida. Adiante.

Fica a música, óptima para adormecer (e acordar).



Temas: Aguilla
Intérprete: Bola
Álbuns: Soup (1998)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

No comments



(recebido por e-mail)

a problemática da temática do poema ma´temática.

J - tem-se falado muito sobre o poema ma´temática, nomeadamente sobre o título e sobre o uso de certos termos, como "pre-cisão", por exemplo...
TK - quem muito fala pouco acerta - diz o povo. cisão é sinónimo de desinteligência...
J - e de divisão...
TK - e então? quando está comigo, não está com ele.
J - o quê? a inteligência?
TK - não, ela.
J - hmm... e quanto ao título...
TK - a temática não é das mais saudáveis, embora seja um bom exercício mental para quem não tenha mais nada que fazer.
J - e qual é, afinal, o tema?
TK - a problemática da temática do poema ma´temática.
J - pois... está bem. dizem que escreve como um louco e...
TK - até me babo...
J - que abusa das contradições...
TK - talvez tenha apenas uma imaginação fértil. na verdade, já nem sei se o sonhei ou se mo disse ela ontem.
J - há até quem vá mais longe e diga que não sabe escrever...
TK - pois-há-e-ainda-bem... que não leio o que dizem.
J - não acha que há uma certa falta de fio lógico...
TK - onde? onde?
J - no que diz!
TK - ah, então não é grave.
J - e??...
TK - precisa-mente.
J - esclarecedor... considera-se um génio?
TK - sim, há um geniozinho dentro de mim, só que, coitadito, não lhe ensinaram a conceder desejos... e quem atura as reclamações sou eu, pois claro.
J - bem, já vi que a sua especialidade são as evasivas e...
TK - é verdade, adeus.

tediokiller
(em entrevista a tonosmart, jornalista da revista o quê)

Bom dia

À medida que o Desabrigo vai catapultando o tediokiller para o estrelato, vão-se multiplicando (por zero) os pedidos de entrevistas dos media que não querem perder a oportunidade de conhecer o futuro (lá para 3015, no máximo) Nobel da literatura.

Como calculam, para além de ser uma pessoa muito ocupada, o próximo Pulitzer da poesia é alguém extremamente tímido e reservado (e humilde). Portanto, tem recusado quase todos os pedidos (e foram mais de zero). Houve, no entanto, alguém que o conseguiu convencer.

Aqui fica para quem quiser ler. E para quem não quiser, também.

domingo, 1 de agosto de 2010

De la musique - Soul Coughing



Temas: Lazybones
Intérprete: Soul Coughing
Álbuns: Irresistible Bliss (1996)

Metade ao sol

A cidade adormece, à medida que a manhã desperta.
Não é novidade o que vos conto:
um corpo pousado sobre um silêncio abstracto,
metade sol, metade sombra.
Irrompe, então, a seguinte questão:
qual o próximo passo destas palavras?
E iríamos ter a habitual arena dos significados,
e um bando de heterónimos digladiando-se por
uma tradução para esta coisa tão simples:
céu de domingo amanhecendo, aberto,
um banco de jardim, como tantos outros,
no qual eu me encontro ocasionalmente colocado,
metade ao sol, metade à sombra.
Mas hoje não me apetece.

Bom dia

Finalmente, o inferno que foi esta semana de calor parece ter amainado, e já consigo raciocinar de novo. Mas hoje não me apetece.