A tarde era de domingo. Um sol primaveril convidava as roupas a ficarem em casa. À minha frente, descia a rua uma provocadora figura feminina. Uma saia curta, semitransparente, cobria parcialmente um corpo de cortar a respiração. De vez em quando, corria uma brisa e as pernas cresciam com deleite. Cada passo moreno era um desafio ao vento e à imaginação. Ela, sem perder a pose, descia subtilmente a mão, afagava a saia e impedia que um esplendoroso fio dental fosse revelado ao mundo.
A determinada altura, há um polegar que se ergue, em sinal de aprovação - ou à espera de obter uma boleia de sonho. A princesa alonga ligeiramente o pescoço, enche o peito de orgulho, liberta a saia e gesticula um sonoro "mete-o no cu, ó boi!"
Não sei se o cavalheiro seguiu a sugestão da donzela ou se desapareceu, inteiro, no buraco mais próximo. Mas, desde esse dia, sempre que vejo uma saia mais curta a dançar com o vento, protejo os meus ricos olhinhos. Por via das dúvidas.